Oito é é bom demais!

Quem repete o conhecido ditado “um é pouco, dois é bom, três é demais”, talvez não saiba que o amor é incondicional. Por outro lado, podemos questionar a máxima popular que diz “onde come um comem dois”.

O casal Roberta Silvestre da Silva e Ronaldo Campos Almeida, ela ex-cobradora de ônibus e ele agente de terminal de ônibus foram abençoados com trigêmeos. Roberta já tinha três filhos (Mirela, 4, Nicole, 9 e Henrique, 13) e em poucos meses a família cresceu de forma inesperada.

Não falta amor para a família, mas recursos sim. Desde que souberam que seriam pais de trigêmeos, a vida do casal virou de cabeça para baixo. Ainda  bem que a solidariedade de vizinhos, amigos e até desconhecidos tem garantido parte do que Rael, Giovana e Miguel necessitam em seus quatro meses de vida. O maior problema é o leite, muito caro para a renda doméstica, de menos de mil reais por mês.

Amor que palavras não definem

Roberta soube que seria mãe de trigêmeos apenas no sexto mês de gestação, pois antes disso não tinha conseguido vaga para fazer o exame de ultrassom, apesar de ter feito o pré-natal direitinho, na rede municipal de saúde. Como a vida prega peças, ao socorrer a irmã, grávida, acabou sendo atendida na Santa Casa de Misericórdia, onde foi assistida e os bebês nasceram.

O pai, avisado no trabalho, no Terminal Princesa Izabel, ficou paralisado. “Sentei e não tive reação. Fique calado, parado, por mais de meia hora”, contou Ronaldo. Roberta, naturalmente tranquila, apenas se desesperou antes do parto, quando os médicos alertaram que ela poderia voltar para casa sem um dos bebês, já que a gravidez de trigêmeos espontâneos e com mais de dois quilos é rara.

Primeiro nasceu Rael, com 2100 kg, calado; depois Giovana, com dois quilos e chorando alto e finalmente Miguel, com 1,5 k g, quietinho. O caçula foi levado à UTI, foi entubado, mas em vinte dias teve alta, saudável como os irmãos. Hoje, os três mostram uma sinergia tal, que parecem estar de mãos dadas enquanto dormem, e brincam uns com os outros, quando acordados.

Um novo quarto está sendo construído na casa da família para receber os bebês, com o dinheiro recebido do Benefício Natalidade (conquista do Siemaco aos trabalhadores do Asseio e Conservação). Enquanto a família está hospedada na casa da sogra, Ronaldo trabalha duro depois do expediente e aos finais de semana. Roberta sabe que terá de voltar ao trabalho, até já onseguiu vaga na creche do bairro e pretende voltar ao mercado assim que os trigêmeos completarem um ano.

Sem saber explicar como vivem uma alegria tão grande com tão poucos recursos, ela diz: Não faltam amigos, conhecidos ou não. Ronaldo, que sempre quis ser pai de três filhos, mesmo quando a esposa já tinha marcado a laqueadura, não reclama da sorte: É tanto amor, tanta alegria, que eu não tenho palavras para definir. Felicidade que estará completa quando ele levar a família para casa, o que pretende, que seja antes do Natal.