Após um ano, Lei que estabeleceu cotas para negros em concursos públicos apresenta avanços significativos

 Após um ano, Lei que estabeleceu cotas para negros em concursos públicos apresenta avanços significativos

Vinte por cento de garantia de vagas para cotistas negros e afrodescendentes aprovados nos concursos públicos municipais. A Lei 54.949/2014 está sendo cumprida e mostrando o valor de profissionais que antes eram excluídos, vitimados por preconceito de raça. A lei estende-se para cargos de confiança (comissionados) e estagiários.

Para debater o tema, o autor do projeto, o vereador Paulo Reis (PT), convidou autoridades, representantes do movimento negro e formadores de opinião para conhecer os dados preliminares com os primeiros resultados compilados desde que a lei entrou em vigor, em março de 2014. O encontro, realizado na Câmara Municipal, na noite de sexta (10), foi finalizado com um debate.

No decorrer do ultimo ano foram realizados cinco concursos públicos municipais, que selecionaram procuradores , auditores, contadores, assistentes sociais e professores. Atualmente, o Ministério Público tem em seu quadro funcional 23,16% de negros e a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial 70,28%. A cota ainda não foi atingida na totalidade dos cargos de confiança, ainda com 16,2%.

De uma maneira geral, 30% dos funcionários municipais são negros ou pardos, mas infelizmente os profissionais se concentram em cargos com menor remuneração. Isso demonstra o que também acontece no restante do país, onde o trabalhador negro tem remuneração menor do que o colega branco que ocupa o mesmo cargo e menos oportunidades nos cargos de liderança.

Outro dado alarmante, é que os negros ocupam 41,26% dos trabalhos que exigem nível básico e apenas 6,54% nível superior. Vale lembrar que a capital é a cidade brasileira com maior número de negros e pardos, somando 37% do total da população.

Felizmente, com o advento do Enem e Fies a entrada dos estudantes negros e pardos nas faculdades e universidades brasileiras tem aumentado. “Hoje são 800 mil universitários negros em todo o Brasil”, destacou o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, que apenas em sua instituição formou dois (2) mil jovens negros.

“Só consegue perceber a exclusão aquele que sente na pele”, afirmou, denunciando que o preconcento no Brasil é mais latente nos descendentes dos negros africanos. “Não é só o fenótipo negro!”. O consenso mostrou ser urgente introduzir referências negras em todas as atividades, para corrigir uma distorção milenar.

A lei de cotas está sendo monitorada, aperfeiçoada e paralelamente foram lançadas ações, no município, para capacitar para a inclusão. É importante ressaltar que os candidatos negros são submetidos às mesmas provas e avaliações que os não negros. A cota não premia ninguém, pois o critério depende da competência do candidato. A Lei das cotas para negros e afrodescendentes é, na verdade, uma ação afirmativa que levará à justiça social, através da valorização do profissional negro. Revertendo, no futuro, o preconceito arraigado no mundo do trabalho, que afeta a economia, a saúde e as famílias.