Limpeza Urbana: onde as portas do primeiro emprego são abertas

 Limpeza Urbana: onde as portas do primeiro emprego são abertas

GAZ_0447.jpg Jovens Coletores

Eles são jovens, fortes, animados e focados. Mas nem sempre foram assim. No auge da adolescência, mas legalmente adultos, enfrentaram as dificuldades inerentes ao primeiro emprego, suscetíveis que eram. Encontraram a primeira oportunidade de trabalho oficial (com carteira assinada) na Limpeza Urbana.

Danilo Silva, 20, Douglas Lima, 21 anos, Alex Soares Santos, 22, Julio Cesar Santana, 22, Cícero Felix, 25 e Bruno da Silva dos Anjos Pereira, 21, são funcionários da Ecourbis (Garagem Sul). Os primeiros, coletores, e o ultimo fiscal. O grupo leva a espontaneidade da juventude para as ruas, mas têm a consciência da importância do trabalho que realizam.

Apesar de tão jovens, apenas Danilo e Júlio Cesar são solteiros. Os demais são chefes de família. Há dois anos e quatro meses na limpeza urbana, Danilo conta que começou fazendo bicos, mas queria um emprego. Procurou a Ecourbis e teve de esperar quatro meses pela tão sonhada contratação. Ele gosta de tudo, principalmente do horário, pois às 14h20 termina o turno de trabalho e ele o restante do dia para aproveitar.

Douglas teve um começo difícil. Após três dias de labuta ele se submeteu a uma cirurgia de apêndice e ficou afastado pro 45 dias. Mesmo assim, a empresa manteve o contrato e ele passou pelo período de experiência. “A volta foi feroz”, contou enquanto os amigos riam. “Ele era mais gordinho!”, denunciou o colega Cícero. Hoje, em forma, o coletor perdeu 16 kg na labuta diária, que completará dois anos em maio.

Veterano da turma, com três anos de empresa, Cícero trabalhou dois anos como servente de pedreiro até que um cunhado, também coletor, o indicou para trabalhar na Ecourbis. “A gente só sabe a dureza que é a coleta quando está aqui”. Em forma pela atividade na construção civil e jogador de bola ele lembra quando “travou” pela primeira vez. Aliás, o que aconteceu com todos.

Travar é quando, durante a coleta, as pernas param de responder. A câimbra limita os movimentos, com dores horríveis. Normalmente, os companheiros do turno, mais experientes, têm de ajudar o iniciante a subir no caminhão até os sintomas passarem.

“A coleta é o meu sustento. Aqui estou conquistando os meus negócios”, afirma Cícero. Garante que a empresa é boa, o salário e o ambiente também.

Os tios coletores levaram Julio Cesar à Limpeza Urbana e ele não pensar em sair mais da categoria. “Eu me sinto importante, pois com o meu trabalho eu ajudo muito as pessoas e beneficio a sociedade”. Além disso, gosta da liberdade que as ruas proporcionam; enquanto Alex teve de tentar duas vezes antes de conseguir a tão sonhada carteira assinada:

“Eu agradeço a oportunidade e aqui eu tenho um bom salário”, argumenta. Ressalta, apenas, os riscos da profissão, não pelo trabalho em si, mas pelas condições que encontra nas ruas, com obstáculos e ameaças.

Eles são unânimes ao ressaltar o desrespeito que encontram no caminho. Do xingamentos aos obstáculos físicos. Nos finais de semana, em alguns bairros, eles têm de enfrentar resistência da população, durante os chamados “pancadões”, quando jovens como eles fecham os acessos na tentativa de se divertir. “Quando saímos às ruas todo o cuidado é pouco, pois estamos sujeitos a tudo”, resume Danilo.

O fiscal Bruno acompanha esses riscos de perto, orienta os colegas e se preciso vai ao socorro deles. Há cinco anos na Ecourbis, ele começou como jovem aprendiz. Trabalhou na área da Tecnologia da Informação até que o contrato foi encerrado, quando ele completou 18 anos: ”Eu fiquei um mês em casa até ser chamado em janeiro, para trabalhar como fiscal”.

Feliz da vida, ele garante que prefere a descontração da coleta à seriedade do escritório. Assim, ele conquistou o respeito da empresa e dos 80 colegas que pertence à sua equipe. Muitos com idades para serem seus pais ou avós.  “Eu sou adapto ao diálogo, pois quem está de fora não sabe o que é a Limpeza Urbana”, salienta concordando com os colegas ao dizer: A Limpeza Urbana (Ecourbis), para mim, é à base de tudo!”.