Siemaco promove debate sobre trabalho infantil no Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil

 Siemaco promove debate sobre trabalho infantil no Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil

Apesar de no Brasil o trabalho infantil ser probidido desde o ano 2000, explicitado na Constituição Federal, a exploração da mão de obra infantil é uma triste realidade em todo o país. Milhões de crianças são expostas aos perigos de atividades que vitimam inclusive adultos e, consequentemente, estão fora das escolas.

Para informar e conscientizar a sociedade, anualmente, em 12 de junho, é  celebrado o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil. No Brasil, a data foi instituída pela Lei n. 11.542/2007 e o trabalho do adolescente é permitido após os 14 anos, sob monitoramento e norteado pelo programa Menor Aprendiz. Pela legislação brasileira, a única profissão onde crianças podem atuar formalmente (com direitos trabalhistas) é no segmento artístico, mesmo assim monitorados. 

Para divulgar, debater e multiplicar informações sobre o tema, o Siemaco recebeu o desembargador do Tribunal da Justiça do Estado de São Paulo, Antonio Carlos Malheiros, que ministrou palestra sobre Trabalho Infantil nesta sexta-feira. Ele deu um testemunho emocionado sobre a realidade das crianças trabalhadoras no Brasil e a dificuldade em reverter a situação e fazer cumprir a legislação.

Embora acredite que lugar da criança é na escola e que sem a educação não haverá futuro para as crianças brasileiras, ele relatou, a partir das experiências pessoais e profissionais, que estamos perdendo a batalha pela educação. Atualmente, estão no mercado informal ou em situação de exploração cerca de 500 mil crianças até cinco anos de idade e 3,5 milhões de crianças entre cinco a sete anos de idade (fonte IBGE).    

Ainda jovem, Malheiros conheceu Monica, grávida aos 13 anos depois de ter sido abusada sexualmente dentro da própria casa por um dos irmãos e que trabalhava no açougue para ganhar ossos que alimentava a mãe doente. Depois, os meninos anônimos que não trabalhavam, mas “viviam de dar rasteiras” e do produto dos furtos, relatou a polêmica do “funqueiro” mirim Mc Pedrinho e a incrível histórias das crianças que praticaram pequenos furtos no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, e foram denunciados como bandidos pelos comerciantes.

“É incrível como a gente não consegue inibir o trabalho infantil”, confessou o Dr. Malheiros, salientando que o tráfico, as drogas, a exploração sexual e o abuso sexual são consequências. Também posicionou-se contrário à redução da maioridade penal para 16 anos. “As pessoas estão emburecidas”.

Explicando que o trabalho artístico oferece a “possibilidade de crescimento pessoal”, Malheiros orientou que mesmo o trabalho familiar é proibido no Brasil, sob quaisquer circunstâncias. O trabalho infantil, em todas as circunstâncias, dá margem à exploração, justificou. “Se algum dia tiver educação de primeira qualidade para as nossas crianças poderemos salvar o país”, declarou contundente ao encerrar a palestra. 

Durante a semana, o Governo Federal divulgou uma campanha informando a população brasileira que o trabalho familiar é crime. Aproveitando a data, o ministro interino do Trabalho e Emprego Francisco José Ibiapina defendeu as políticas afirmativas como ferramentas para reduzir o trabalho infantil, no Brasil. “A criança e o adolescente têm direito de ir à escola e a família amparada pode garantir esse direito”, declarou.