Saúde e Segurança do Trabalhador tem de ser discutido em todas as instâncias da sociedade

Se o trabalho dignifica o homem, desde pequeno o cidadão tem de ser protegido e conscientizado sobre a segurança e a saúde do trabalhador. Aproveitando a passagem das datas alusivas, a UGT e a Fundacentro promoveram, na sede da Fundação, nesta quarta (14), o Seminário integrado: Dia Nacional da Segurança e Saúde nas Escolas (10 de outubro) e a Exposição Fotográfica contra o Trabalho Infantil (12 de outubro, Dia das Crianças).

Dividido em duas partes estratégicas – a escola, o aluno e o trabalho infantil e a Saúde e Segurança do Trabalho, a escola e o aluno – os palestrantes, unanimemente, afirmaram  que ser preciso debater o tema de uma forma mais abrangente, investigando, informando, intervindo e conscientizando.

A secretária de Assistência Social, Previdência e Diversidade do Sindicato dos Comerciários, Cleonice Caetano de Souza, e o Diretor Técnico da Fundacentro, Robson Spineli Gomes, abriram o evento. “É preciso erradicar o trabalho infantil e entender os impactos na vida adulta e no mercado de trabalho”, alertou Cleonice.

Analisando o conceito de infância ao longo da história, a professora e pesquisadora Maria Ephigênia de Andrade Cáceres Nogueira lembrou que durante séculos a criança foi considerada um adulto em miniatura, sem vontade própria.  Citando o economista Karl Marx, ela enfatizou: “elas foram usadas como trabalhadoras por serem dóceis, maleáveis e não reclamarem”.

Afirmou ser recente a visão da criança como protagonista e “construtora da própria cultura”. Para ela, é fundamental que as escolas se abram para as famílias e, juntas, promovam o desenvolvimento infantil.

A advogada Sandra Regina Cavalcante, por outro lado, falou sobre a criança e o mercado de trabalho. Explicou que a legislação brasileira proíbe o trabalho para menores de 16 anos, a não ser em casos de aprendizes, a partir dos 14 anos, mas permite o trabalho infantil artístico.

 “O ser humano em formação precisa ser protegido”, alegou ao dizer que o trabalho infantil “faz mal e traz prejuízos que não dá para corrigir”. Quanto ao conceito do que é trabalho ou não (informal ou formal) foi incisiva: se o mercado tem lucro é trabalho!

Adir de Souza, presidente do Sindicato dos Técnicos do Trabalho do Paraná, listou as vitórias e os desafios recentes da Saúde e Segurança do Trabalho. “A má condição de trabalho é inerente à falta de democracia”, denunciou.

Para ele, as campanhas do Abril Verde (mês de prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho) e o dia 28 de abril (Dia Mundial da Saúde e Segurança do Trabalho) têm conquistado cada vez adeptos, porém a luta ainda é grande. “Os acidentes só vão diminuir quando der vergonha no empresário quando morrer um trabalhador”.

“O tema trabalho está presente no currículo escolar, nas diferentes disciplinas, e tem tudo a ver com a realidade dos alunos”, salientou o educador e pesquisador Jefferson Peixoto da Silva, provando que Saúde e Segurança no Trabalho é, sim, tema de sala de aula. “A mudança é um processo de intervenção na cultura da prevenção”, finalizou.