Durante o Natal Solidário, alunos da Central de Cursos do Siemaco dão “aula” de sabedoria e generosidade

 Durante o Natal Solidário, alunos da Central de Cursos do Siemaco dão “aula” de sabedoria e generosidade

Todos os anos as turmas de todos os núcleos da Educação Continuada da Central de Cursos do Siemaco se reúnem para celebrar tantos saberes. Na quinta-feira, dez de dezembro, eles comemoraram de forma diferente. A festa foi compartilhada com amigos muito especiais.

Os alunos aceitaram o convite feito pela coordenadora Roberta Butolo e trocaram a pompa pela boa ação. Tudo começou com a ideia de aproveitar o “espírito do Natal” para ajudar aqueles que precisam. O desafio foi escolher um amigo necessitado e redigir uma carta explicando o porquê e o que ele mais precisava. Depois, todos se mobilizaram e doaram alimentos e roupas que formaram as cestas de natal e brechó solidário.

“A jornada foi de persistência e coragem, espírito de solidariedade e bons sentimentos”, resumiu o orador da turma, Ronaldo Santos Araújo. Aos 36 anos ele procurou a Central de Cursos para concluir o ensino médio. Auxiliar de suprimentos, disse que foi bem no exame do Enem e espera conseguir uma bolsa de estudos para cursar Faculdade de Logística.“Os meus colegas e chefia já notaram a minha evolução, que aparece no meu trabalho”, contou, orgulhoso.

Família unida celebrando vitória

Jaqueline Mariana Linda da Silva, 25 anos, espera ansiosa o resultada da prova do Enem e o bebê Daniel, e chegará em dois eses. Ao lado dos filhos Julia, 2 anos, Felipe, 6, a felicidade seria completa se ela conseguisse uma dentadura para o marido Donizete Silveira, 55 anos.

O casal se conheceu na empresa Brasanitas, onde ambos trabalham como auxiliar de limpeza. Ele tem outros três filhos, do primeiro casamento, uma delas especial, contou Jaqueline. “Eu quero fazer faculdade de Serviço Social e ajudar a minha família”, conta. Apenas não conseguiu fazer o companheiro voltar a estudar. “Não sobra tempo”, justificou o trabalhador, ao mesmo tempo em que garante que é o maior incentivador de seu quarto filho. A alegria do casal contagiou a todos.

Orenilda Cordeiro Alves não teve filhos, mas é como se tivesse. Varredora há 13 anos, ela criou duas sobrinhas, quando a irmã faleceu. Aos 61 anos, conta que voltou a estudar para realizar um sonho antigo. “Eu morava na zona rural do Rio de Janeiro e as meninas não podiam ir à escola, que ficava distante uma hora e o único transporte possível era montada a cavalo”, recordou.

Também aguardando o exame do Enem para conseguir o diploma do ensino médio, ela migrou para São Paulo a borda do trem conhecido como Maria Fumaça… Estava acompanhada da sobrinha Ana Paula, 34, e das filhas dela, Brena, 14, e Bruna, 12.

“O casal, ela controladora de acesso e ele jardineiro, está desempregado; “A família passando dificuldades, por isso os escolhi como amigos no Natal Solidário. O que falta em valor ficou claro que sobra em amor, nessa família tão unida!

Esforço conjunto em prol do trabalhador

O curso de Educação Continuada do Siemaco resulta de uma parceria com o sindicato patronal, o Seac, o CIEE e a Metrô. Através do esforço coletivo, foi possível garantir estudo de qualidade para os trabalhadores do Asseio e Conservação que, depois foi estendido para as categorias da Limpeza Urbana e Áreas Verdes.

“Agradeço profundamente aos nossos parceiros por acreditarem nesse projeto, afinal a falta de educação é justamente um dos fatores que geram tantos dentre os problemas que enfrentamos hoje, no nosso país”, discursou o presidente do Siemaco, Moacyr Pereira. “Nós investimos na qualidade de vida do trabalhador, pois acreditamos numa mudança cultural e que precisamos começar a mudar hoje o futuro”, continuou agradecendo o empenho dos trabalhadores e, principalmente pelas boas ações, ressaltando que a palavra sindicato está associada à solidariedade.

“Plantamos, hoje, mais uma sementinha”, resumiu Roberta, enquanto a professora Vitória, representando a equipe de estagiários do CIEE salientou: todos vocês já são vencedores, pois estudar é se empenhar na vida. Quem estuda dialoga melhor, trabalha melhor, consequentemente, conquista mais qualidade na vida, concluiu.