A confiança no sindicato mostrou resultados: trabalhadores recebem cheques de salários e benefícios após dois anos

 A confiança no sindicato mostrou resultados: trabalhadores recebem cheques de salários e benefícios após dois anos

Era época de festas, mas os profissionais que respondiam pelo Asseio e Conservação nos Pátios do Metropolitano de São Paulo não tiveram o que comemorar. A empresa Multifuncional, responsável pela prestação de serviços de limpeza, fechou as portas abandonando os funcionários, em 2014.

Sem receber os salários e benefícios, 148 deles confiaram no Siemaco e, com a ajuda do Departamento Jurídico, entraram com ação cautelar coletiva na Justiça do Trabalho. Na sexta-feira (16), eles se reuniram no sindicato e receberam parte da dívida, acrescida de juros e correção monetária. Em média, R$ 3 mil cada um.

“O sindicato teve de brigar na Justiça pelos direitos dos trabalhadores”, salientou o diretor Nilson Ferreira (Kbeça). O montante referente ao saldo de salário (45 dias trabalhados) mais benefícios foram depositados na conta do sindicato, que repassou os valores individuais para os trabalhadores. “O nosso sindicato tem força. Esta vitória é celebrada pelo trabalhador e a equipe sindical”, afirmou.

Ações desmembradas

Desde o final de 2014 o sindicato vem trabalhando para que os trabalhadores possam reaver os seus direitos. Primeiro, conseguiu a liberação do Fundo de Garantia, depois a baixa na carteira profissional e agora a quitação dos salários e benefícios referentes aos 45 dias trabalhados.

Por determinação judicial, a ação coletiva teve de ser desmembrada em 148 processos individuais, contou o coordenador do Departamento Jurídico do Siemaco, Márcio Sérgio de Matos. Tudo gratuitamente aos trabalhadores.

“Os resultados foram relativamente rápidos, pois já ações que demandam décadas”, contou afirmando que o processo continua, pois o sindicato não irá descansar enquanto todos não receberem os demais direitos: férias, 13º salário e multa de 40%. “Nós vamos até o final para garantir tudo o que é cabível do trabalhador”, enfatizou

Planos e quitação de dívidas

O desemprego e a falta dos direitos no período trabalhado geraram inúmeros problemas aos trabalhadores. Muitos deles sucumbiram às dívidas e para a maioria o dinheiro será usado para “limpar o nome”.

Carlos Eduardo Neres de Britos, 33 anos, tem vivido de “bico” de segurança desde que foi abandonado pela empresa, em 2014. Consequentemente, ele acumulou dívidas nesses dois anos e vai usar o dinheiro recuperado para pagá-las. “Eu confiei e o sindicato sempre me orientou. Fui muito bem recebido aqui, num apoio fundamental”, disse.

Aos 46 anos, Sérgio Paulo Ferreira da Costa teve melhor sorte, apesar de também ter dívidas acumuladas, ainda conseqüência do abandonou do antigo patrão. Ele conseguiu um novo emprego, na limpeza hospitalar. “Eu sempre acreditei que, através do Siemaco, eu recuperaria o meu dinheiro”, afirmou contando que não teria condições de contratar um advogado particular.

Confiança no sindicato

Desde que foi abandonada pelo antigo patrão, a auxiliar de limpeza Luciene Ribeiro Silva Peixoto, 39 anos, não conseguiu regularizar a carteira de trabalho. Atualmente trabalhando como doméstica, ela aguarda ansiosa por ter o documento assinado novamente.

“Foi horrível. Eu tinha de pagar o aluguel no dia seis e um dia antes eu soube que a empresa tinha falido. Eu coloquei a mão na cabeça e perguntei: o que eu vou fazer?”, contou. Quando recebeu a ligação do Siemaco contando que receberia o dinheiro o sentimento foi bem diferente. “Eu fui nas nuvens e voltei!”, confessou

Luciene tem planos bons para o dinheiro recebido: vai dar entrada num terreno e depois começar a construir a casa própria. “Eu quero sair do aluguel”, planeja

“Para mim, é Deus no céu e o sindicato na terra. Antes eu achava não era sério, pois confiava na boca do povo, mas hoje eu sou testemunha do trabalho sério que é realizado”, fez questão de testemunhar. Luciane afirmou ainda que os colegas que preferiram entrar com advogado particular ainda não têm nenhuma notícia do processo. “O Siemaco fala por nós”.

O resgate do direito, mesmo após a morte.

Para o sindicato, ressarcir os trabalhadores é questão de honra. O auxiliar de limpeza, Joel Agostinho Magdaleno era funcionário da Multifuncional, mas faleceu em junho de 2015. As filhas foram beneficiadas e receberam o cheque.