De analfabeto a contador de histórias a autor de livro, o trabalhador relata a rotina de um coletor de lixo

 De analfabeto a contador de histórias a autor de livro, o trabalhador relata a rotina de um coletor de lixo

Há pouco tempo as letras eram um mistério para o coletor José de Nazaré, mas com vontade de aprender e empenho ao estudar, hoje não apenas decifrou a mistérios da leitura e escrita, como se tornou autor de um livro. O lançamento oficial aconteceu na sexta-feira (3) no próprio local de trabalho: a Unidade Jaguaré, da Loga.

No livro, José de Nazaré conta histórias vividas durante a lida na coleta. O mais surpreendente, porém, é que ele ia registrando as suas histórias ao mesmo tempo em que estudava.  “Ele, que não sabia ler e escrever, hoje é um orgulho para nós do Siemaco e empresa”, salientou o diretor sindical Elmo Nicácio, o Lagoa.

O livro foi editado numa parceria entre a família do trabalhador e a Loga. Já o retorno à sala de aula só foi possível graças à ação conjunta entre o sindicato e a empresa, viabilizando a montagem de salas de aula no local de trabalho, facilitando a rotina do trabalhador/estudante.

“José é um orgulho para todos nós, colegas, sindicato e empresa”, disse Lagoa, que acredita que o exemplo dele será um incentivo para que os companheiros de trabalho aproveitem a possibilidade e tenham mais ânimo para estudar. “Sabemos que a rotina é corrida e cansativa, mas ele não desperdiçou a oportunidade de frenquentar as aulas no próprio local de trabalho e hoje seu esforço foi reconhecido.”

Empenho diário

A professora de três anos, Aline Fernandes (ex-estagiária da Central de Cursos do Siemaco), relata que ele era o aluno “mais sério e sistemático em sala de aula”.  Ela contou que além de escrever, José de Nazaré é um excelente desenhista, pois na medida em que ia redigindo as histórias também fazia caricaturas.

Para registrar a vida de um coletor de lixo, José fazia o rascunho numa folha, que era corrigida pela professora. Ela revisava e ele passava a limpo, diariamente. ”Foi mais de um ano aprendendo, escrevendo e trabalhando”, contou a professora orgulhosa.