Não basta cumprir a Lei de Cotas é preciso estimular a boa convivência entre os trabalhadores
O estreito relacionamento entre a Paineiras e o Siemaco gerou uma confiança tal que a gerente de Recursos Humanos da empresa, Cristiane Vasconcelos, pediu a colaboração da diretora Silvana Souza para promover a conscientização entre a equipe interna. Isso porque nem todos os colaboradores estão sabendo lidar com os profissionais com deficiência que se tornaram colegas de trabalho. Com a participação especial da Secretária Adjunta da Pessoa com Deficiência do Município de São Paulo (SMPED), Marinalva da Silva Cruz, mais de uma centena de supervisores e encarregados receberam treinamento sobre o tema da Pessoa com Deficiência, na quarta e quinta-feira (16 e 17).
Marinalva palestrou e realizou dinâmicas para quatro turmas diferentes, no auditório e sala de treinamento do Siemaco. Ela enfatizou que após passarem pela seleção, quando se tornaram aptos para desempenhar as funções para que foram contratados, os profissionais com deficiência se tornam funcionários como outro qualquer. Ou seja, respeitados os limites físicos ou intelectuais e garantidas as adequações (quando necessárias) no ambiente de trabalho, a igualdade e o respeito deve permear as relações. pois os direitos e deveres são iguais.
Resumindo, ela salientou que a convivência ideal passa pelo respeito que requer um novo olhar, tolerância e paciência. Algumas vezes será necessário “ensinar de um outro jeito” ou “aprender outras maneiras de realizar a mesma tarefa”, mas que os resultados esperados serão atingidos.
“Apenas o convívio com as Pessoas com Deficiência garantirá o aprendizado que a diversidade humana proporciona”, disse Marinalva. Ela ponderou que os PcDs são capazes de atingir todas as expectativas do empregador, liderança, colegas, mercado de trabalho e a adaptação dos colegas sem deficiência é a grande surpresa.
Ao falar aos convidados, a maioria filiados ao sindicato, Silvana Souza salientou o compromisso do Siemaco com a inclusão da Pessoas com Deficiência. As ações sindicais vão muito além do Termo de Ajustamento de Conduta, mas passam pela promoção do emprego, qualificação, trabalho decente e parcerias na realização do Aniversário da Lei de Cotas, Dia D e parcerias com instituições sinérgicas.
Muito mais do que cumprir a Lei de Cotas
Cristiane contou que a motivação inicial da contratação de profissionais com deficiência era cumprir a lei de cotas, mas que atualmente a inclusão é uma política da Paineiras. Inclusive, a empresa oferecerá cursos de formação em Libras (Lingua Brasileira de Sinais) para os colaboradores interessados.
No momento, faltam apenas duas contratações para cumprir a meta atual. A lei determina 108 PcDs e a Paineiras soma 106! Os candidatos, de acordo com Cristiane, são selecionados através de várias parcerias, inclusive a Central de Vagas do SIemaco, o Padef e ações internas.
Há 11 anos na Paineiras, a encarregada Wilma Jandira dos Santos enfrentou muitos desafios e a convivência com os colegas PcD foi um deles. Atualmente, lidera dez profissionais com deficiência auditiva. Confessa, entretanto, que aprender a trabalhar com uma auxiliar de limpeza que não tem um braço não foi fácil.
“Eu perguntava como ela iria torcer um pano sem uma das mãos? Para minha surpresa ela se adaptou muito bem e os panos que ela usa são alvíssimos”, contou. O desafio atual é a adaptação ao EPI (Equipamento de Proteção Individual) que garanta a mesma a proteção de uma luva. Os técnicos de segurança do trabalho da empresa estão testando opções e Wilma conscientizando a colega da necessidade e obrigatóriedade do uso.
Dicas de convivência:
1. reveja os conceitos;
2- não julgue pela aparência;
3- pergunte se a Pessoas com Deficiência precisa de ajuda;
4- nem toda deficiência é visível;
5- qualquer pessoas pode ter de conviver com a própria deficiência em algum momento da vida.