Sindicalistas debatem Reforma Trabalhista no centro do poder
Reunidos em Brasília, nos dias 28 e 29 de setembro, dirigentes sindicais das categorias do Asseio e Conservação e Limpeza Urbana participaram do seminário “Reforma Trabalhista, Desafios e Resistência”, organizado pela Conascon e Fenascon ( respectivamente a Confederação e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Asseio, Conservação e Limpeza Urbana). Pauta especialmente preparada para garantir a compreensão total e preparar os sindicatos, de todo o Brasil, para os impactos que surgirão com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, a partir do dia 11 de novembro.
“Os sindicatos que sempre tiveram um importante papel na vida do trabalhador tornaram-se alvo de desmonte por parte daqueles que estão no poder. O intuito desse seminário é debater e incentivar a padronização de ações, buscar soluções para o fortalecimento das entidades e a garantir melhor representatividade aos trabalhadores”, afirmou Moacyr Pereira, presidente da Conascon e do Siemaco.
O presidente da Femaco e vice-presidente do Siemaco, Roberto Santiago, completou: os trabalhadores não sabem, não conhecem e não têm tomado consciência dos reais efeitos da lei no seu dia a dia. Isso é preocupante, pois eles são os destinatários da norma.
Os especialistas convidados enumeraram as consequências da Reforma Trabalhista e tiraram dúvidas dos participantes, entre eles diretores do Siemaco. Sobretudo, enumeraram as arestas da nova legislação, que precisará ser acompanhada na prática pelos sindicatos, empresas e trabalhadores.
“A Reforma Trabalhista foi sancionada com a presença de sete pessoas, no menor salão do Palácio do Planalto, e não há registro de nenhum representante do trabalhador acompanhando. Mudaram a estrutura trabalhista sem nenhum diálogo e dizem que estamos num país democrático. Que democracia é essa?”, contou a Zilmara Alencar, especialista em Direito Processual.
O pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, Bruno Vaz, salientou que a legislação “tem várias interpretações da reforma e muitos especialistas são contra ela. Mas em outros países essas mudanças trabalhistas geraram um aumento da participação de mulheres e jovens no mercado de trabalho”.
Convocando os sindicalistas para a participação política, Roberto Santiago concluiu que a democracia se consolida com sindicatos fortes. “O grande erro dos sindicatos foi aceitar a ideia de que os trabalhadores não devem discutir política. Pelo contrário, precisamos aumentar a nossa representatividade para que os trabalhadores brasileiros possam, definitivamente, participar e ter voz ativa em todas as instâncias do Poder. Não há desenvolvimento se não há democracia”, concluiu.