Ministério da Justiça cria canal exclusivo para receber denúncias sobre possíveis atentados a escolas

 Ministério da Justiça cria canal exclusivo para receber denúncias sobre possíveis atentados a escolas

Alunos saindo de escola no Distrito Federal – Foto: Marcelo Camargo/ABr

O Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com SaferNet Brasil, criou recentemente, junto às ações da Operação Escola Segura, um canal exclusivo para recebimento de denúncias sobre ameaças e ataques contra escolas em todo país. Por esse meio qualquer cidadão pode fornecer informações de possíveis atentados às instituições de ensino. As informações enviadas ao canal serão mantidas sob o mais absoluto sigilo e não haverá identificação do denunciante.

Click aqui e conheça o site que recebe denúncia. Em caso de emergência, a orientação é ligar para o 190 ou para a delegacia de polícia mais próxima.

Público-Alvo

Qualquer usuário pode realizar denúncias, pois não é exigida identificação do denunciante.

Todas as denúncias são anônimas e as informações enviadas serão mantidas sob sigilo.

Informações Complementares

O interessado em fazer a denúncia deverá inserir o maior número de informações possível para que se possa analisar corretamente a ocorrência.

No campo “Página da internet” deve-se informar a URL (endereço eletrônico) da postagem.

Para facilitar a análise da denúncia, recomenda-se o preenchimento do campo “Comentário” com as informações relevantes da ocorrência, tais como o Município, Estado, Escola e Mídia Social de origem da ocorrência.

Em caso de emergência, ou se não tiver todas as informações necessárias, entre em contato com o 190 ou delegacia de polícia mais próxima.

Segurança Escolar no aplicativo da PM de SP

A Polícia Militar do Estado de SP fez uma importante atualização no aplicativo da corporação.

O já conhecido “190 SP”, que permite o registro de ocorrências da Polícia Militar, agora tem a opção “Segurança Escolar”, que dá atendimento prioritário às ocorrências em escolas, proporcionando ainda mais agilidade no atendimento policial.

A nova funcionalidade pode ser acionada de qualquer cidade do Estado e o seu chamado vai ser imediatamente direcionado às equipes mais próximas do local, sem precisar passar pela etapa do atendimento telefônico por meio do 190 convencional.

O aplicativo está disponível para os sistemas android e IOS.

No primeiro acesso, você vai precisar fazer um cadastro e, a partir daí, é só informar o seu CPF e a senha escolhida.

Mas não se preocupe, mesmo com as suas informações cedidas à PM, é você quem decide se a denúncia será feita de forma anônima ou não.

Compartilhe essa informação com seus amigos e familiares e baixe o aplicativo “190 SP”.

Segurança é mais do que criar barreiras à escola, dizem especialistas

Na entrada da escola, barreiras. Nas cercanias, policiais por todos os lados. Botões escondidos de pedidos de socorro. Quais são, afinal, as medidas mais adequadas como prevenção à violência em unidades de ensino? Para especialistas no tema, as soluções principais para temores de ameaças não estão em medidas paliativas.

Na opinião da especialista Katia Dantas, consultora para implementação de práticas em proteção infantil e ambientes escolares, a violência que tem ocorrido em unidades de ensino é multifacetada e complexa.

“A gente precisa entender que segurança é diferente de proteção. Colocar um segurança na porta não vai resolver o problema. Hoje, observamos que muitos dos atentados são de crianças cometendo violência contra outras crianças e professores. São raros os que vêm de fora para cometer um atentado dentro da escola”.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Heleno Araújo, também entende que desigualdades marcantes nos ambientes escolares contextualizam o problema. “Há muito a ser feito em busca de um ambiente minimamente em condições de garantir segurança e paz, tranquilidade e solidariedade dentro do espaço da escola e fora dela”. Escolas em boas condições e outras sem energia elétrica, por exemplo. Profissionais que recebem em dia e com adequadas condições de trabalho, outros não.

Para se ter uma ideia da complexidade humana, o Brasil tem 2,2 milhões de professores e mais de 1,9 milhão de outros profissionais que trabalham na educação – população acima de 4 milhões de pessoas.

As escolas são muito diferentes umas das outras em um país do tamanho de um continente. Ele conta que recebeu foto de uma turma em município goiano, em que as crianças apareciam em uma espécie de exercício de tiro, como tarefa de uma escola cívico-militar. “Isso desconfigura completamente a perspectiva de formação humana que nós queremos. Então, é importante que a família dê bom exemplo às crianças.”

Parceria no currículo

Katia Dantas defende uma série de medidas, considerando que grande parte desses atentados tem foco em violência sistemática na vida da pessoa que agride, como histórico de bullying, intimidações e abusos familiares. É difícil que alguém com essa característica não tenha demonstrado sinais na escola.

“É urgente que as escolas aprendam a identificar um abuso. A gente precisa começar a modificar essa percepção. Hoje, por exemplo, nós sabemos que as habilidades socioemocionais partem da base curricular nacional. Mas pouquíssimos pais sabem exigir das escolas”, diz Katia Dantas. A parceria entre família e escola não deve ficar na teoria, uma vez que as redes sociais e os jogos eletrônicos têm ocupado espaço central na vida de crianças e adolescentes.

Também por esse motivo, conforme avalia Heleno Araújo, na CNTE, é fundamental fortalecer a participação social, a gestão democrática, a participação de pais, mães, responsáveis, e grupos organizados da comunidade onde a escola está inserida. “Todos devem estar envolvidos no processo de discussão, no Conselho Escolar, de um projeto político-pedagógico para escola. A participação social e o envolvimento com as políticas da escola, o sentimento de pertencimento, tudo é importante”. 

Orientações

A especialista entende que é vital que professores e outros funcionários do ambiente escolar possam receber orientações em caso de violência. “Que eles aprendam a saber o que fazer do mesmo jeito que muitas escolas têm treinamento para incêndio, evacuação, por exemplo”. Mas um treinamento com característica pedagógica sem criar medo, pânico ou alarde nas crianças.

“Mais do que isso, os profissionais precisam estar treinados em como identificar situações de conflito, mudanças de comportamento que possam estar demonstrando um sofrimento dessa criança”. A resposta, segundo ela, deve ser da escola como um todo e não só de professores. “É importantíssimo que todos os profissionais da escola estejam treinados para fazer a proteção infantil e identificar essas situações”.

Na mesma linha, o presidente da CNTE defende que todos os profissionais da educação têm que ser profissionalizados e receber cursos para as suas atividades. “Porteiro tem que ter curso de infraestrutura e meio ambiente. Temos que ter uma formação inicial voltada para as concepções de educação”.

Isso inclui saber olhar para algum sinal de que há algo de errado. “Os profissionais devem ter sim formação em atendimento e primeiros socorros, atenção, perceber o olhar dos alunos”. Araújo lamenta que nem todas as escolas, por exemplo, dispõem de equipes de psicólogos e de outros profissionais de apoio. Ele acredita que a segurança começa com a possibilidade de que os profissionais estejam conectados à complexidade dos seres humanos.

* Pelos jornalistas Alexandre de Paulo (MTB 53.112/SP) e Fábio Busian (MTB 81.800/SP), com informações da Agência Brasil.