Após denúncias de assédio, AT & Santos reconhece falhas e se compromete com mudanças no Metrô de SP

 Após denúncias de assédio, AT & Santos reconhece falhas e se compromete com mudanças no Metrô de SP

Em uma audiência realizada nesta sexta-feira (28), na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, diretores do SIEMACO São Paulo, representantes da empresa terceirizada AT & Santos e do Metrô discutiram as denúncias de assédio moral, humilhações públicas e retaliações feitas por trabalhadores da Linha Verde.

Durante a reunião, as diretoras do SIEMACO-SP ressaltaram que, após a veiculação das reportagens na imprensa e a repercussão nas redes sociais, novas denúncias surgiram, reforçando ainda mais a gravidade da situação. Para a diretora Maria Silva, o aumento dos relatos mostra o quanto o medo tem silenciado trabalhadores e o quanto é essencial garantir proteção a essas vítimas.

“A cada nova denúncia percebemos que a situação é ainda mais séria do que imaginávamos. Muitos funcionários tinham receio de falar, mas com a repercussão sentiram que não estão sozinhos. Isso prova que esse problema não pode ser ignorado.”

Empresa reconhece falhas e promete mudanças concretas

Diante dos relatos apresentados pelo sindicato, a AT & Santos reconheceu falhas na fiscalização e no acompanhamento das denúncias e se comprometeu a adotar medidas para coibir novas ocorrências. Entre as ações que deverão ser implementadas nos próximos 30 dias, estão:

  • Campanhas educativas para conscientização sobre assédio moral e os direitos dos trabalhadores;
  • Treinamentos de reciclagem para supervisores e gestores, reforçando condutas éticas e boas práticas;
  • Aprimoramento dos canais internos de denúncia, garantindo mais sigilo e segurança aos trabalhadores;
  • Monitoramento rigoroso dos casos já registrados, assegurando que os denunciados não tenham mais qualquer tipo de influência ou proximidade com as vítimas.

Além disso, a empresa garantiu que os trabalhadores que denunciaram terão segurança no emprego e não sofrerão retaliações.

Durante a audiência, a empresa demonstrou comprometimento em solucionar o problema e se mostrou receptiva às reivindicações apresentadas, reconhecendo a necessidade de aprimorar suas práticas internas e indicou estar disposta a implementar mudanças efetivas, reforçando que sua intenção não é apenas cumprir exigências, mas sim criar um ambiente mais seguro e respeitoso para todos os trabalhadores.

Para a diretora Daniela Sousa, é fundamental que a empresa entenda que assédio não é uma questão de percepção individual, mas sim de violação de direitos.

“Assédio não é um mal-entendido ou algo que depende da interpretação de cada um. Ele tem consequências reais, destrói a autoestima, afeta a saúde mental e prejudica toda a dinâmica no ambiente de trabalho. Não há espaço para relativização.”

Sindicato reforça que quer proteger, não punir

O SIEMACO-SP deixou claro que sua intenção não é punir ou retirar empregos, mas sim garantir que os trabalhadores possam exercer suas funções com dignidade e segurança. “A entidade defende que a melhor solução é a capacitação, a reciclagem de práticas e o compromisso de mudança, garantindo que os profissionais não sejam mais expostos a esse tipo de situação”, afirmou Daniela.

A advogada do sindicato, Gledis Lúcio, destacou que a legislação trabalhista é clara e protetiva, garantindo direitos às vítimas e prevendo penalidades para quem mantém condutas abusivas.

“As leis estão aí para proteger o trabalhador e assegurar que ele tenha um ambiente de respeito. A sociedade mudou e as empresas precisam mudar também, porque não há mais espaço para tolerância com o assédio.”

O diretor Nilson Ferreira enfatizou a importância das denúncias e do suporte do sindicato. “Nosso papel é acolher, apoiar e proteger os trabalhadores. Assédio se combate com seriedade e compromisso. Quanto mais os trabalhadores souberem que têm respaldo, mais conseguiremos mudar essa realidade.”

O sindicato acompanhará de perto a implementação das medidas prometidas pela empresa e seguirá cobrando ações concretas, para que os trabalhadores tenham um ambiente profissional digno e seguro.

*Por Fabiano Polayna (MTB: 48.458/SP); fotos: Alexandre de Paulo (MTb 53.112/SP)