Terceirizados do Metrô de SP denunciam assédio e retaliações: “trabalhamos com medo”

 Terceirizados do Metrô de SP denunciam assédio e retaliações: “trabalhamos com medo”

Funcionários terceirizados da Linha Verde do Metrô de São Paulo denunciam assédio moral, humilhações públicas e retaliações durante uma mediação coletiva realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no dia 21 de fevereiro. A reunião contou com a participação do SIEMACO-São Paulo e da empresa AT & Santos, responsável pelos serviços terceirizados na linha.

Os trabalhadores relataram tratamento agressivo, uso de palavras depreciativas e ameaças frequentes de demissão. Segundo os denunciantes, funcionários que levaram reclamações ao setor de Recursos Humanos sofreram represálias, incluindo a demissão de dois colegas, o que gerou um ambiente de medo.

Durante a mediação, representantes da AT & Santos negaram conhecimentos das acusações e minimizaram o problema, afirmando que “esse tal de assédio” é algo “subjetivo”. A resposta causou indignação entre os trabalhadores e sindicalistas. O SIEMACO-SP rebateu, afirmando ter provas concretas das denúncias, incluindo prints de conversas de WhatsApp, depoimentos de funcionários e vídeos que corroboram os relatos, mas destacou que os documentos pertencem às vítimas e são sigilosos.

Casos de assédio e tratamento degradante

Entre os casos mais graves, uma funcionária afirmou ser frequentemente chamada de “velhinha” de forma pejorativa por seus superiores, afetando sua autoestima e ambiente de trabalho.

Outro caso envolve um trabalhador com deficiência física (PcD), que possui um dos braços paralisado e foi designado para varrer uma ampla área do metrô, uma tarefa exaustiva e incompatível com sua condição.

Além disso, há relatos de supervisores pressionando funcionários a assinarem pedidos de demissão sob ameaça de suspensão ou represálias. Mudanças frequentes de posto de trabalho também estariam sendo usadas como forma de punição, gerando instabilidade entre os trabalhadores.

Sindicato cobra medidas urgentes

A diretora do SIEMACO-SP, Maria Silva, afirmou que as provas coletadas demonstram um ambiente de trabalho tóxico e abusivo.

“Não há subjetividade quando se trata de humilhação pública, assédio psicológico e pressão para que trabalhadores peçam demissão. O sindicato não aceitará que essas práticas continuem e seguirá cobrando medidas imediatas”, declarou.

O sindicato exigiu o afastamento dos supervisores envolvidos para proteger os trabalhadores que denunciaram as agressões. Além disso, reforçou que não pode divulgar documentos sigilosos das vítimas, mas garantiu que já encaminhou as denúncias às autoridades competentes.

Nova mediação e participação do Metrô

Diante da gravidade das acusações, o MTE marcou uma nova mediação para 28 de fevereiro na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo. O SIEMACO-SP também solicitou a participação do Metrô, empresa contratante dos serviços terceirizados, para que tome conhecimento das denúncias e se comprometa a solucionar o problema.

*Por Fabiano Polayna (MTB: 48.458/SP); fotos: Alexandre de Paulo (MTb 53.112/SP)