SIEMACO-SP e FEMACO promovem palestra sobre assédio moral e racismo para trabalhadores do Metrô, após denúncias

 SIEMACO-SP e FEMACO promovem palestra sobre assédio moral e racismo para trabalhadores do Metrô, após denúncias

Treinamento reforça conscientização após audiência na Superintendência Regional do Trabalho

Após denúncias de trabalhadores sobre assédio moral no ambiente de trabalho, o SIEMACO São Paulo organizou um curso de conscientização para funcionários da empresa AT & Santos, que presta serviços na linha verde do Metrô. A iniciativa faz parte da campanha #RespeiteTodoMundo, promovida em parceria com a FEMACO, e busca orientar os trabalhadores sobre seus direitos e como enfrentar situações de abuso.

As queixas foram apresentadas em uma audiência na Superintendência Regional do Trabalho, onde foram discutidas as condições enfrentadas pelos funcionários e a necessidade de medidas efetivas para prevenir o assédio moral e outras formas de discriminação.

“Nosso objetivo é dar voz aos trabalhadores e garantir que eles tenham informação para se proteger. Assédio moral e discriminação não podem ser tolerados”, afirmou Maria Silva, diretora do SIEMACO-SP.

Palestra aborda racismo estrutural no ambiente de trabalho

Na manhã desta terça-feira (18), trabalhadores participaram da palestra ministrada por especialistas, que destacaram os efeitos psicológicos e profissionais do assédio moral e da discriminação racial no ambiente de trabalho.

A advogada Glédis Lúcio explicou como o assédio pode se manifestar de diferentes formas e enfatizou a importância da denúncia: “O assédio moral não se resume a gritos ou humilhações públicas. Ele pode acontecer de maneira silenciosa, como exclusão, ameaças veladas e cobranças desproporcionais. Os trabalhadores precisam estar atentos e saber que têm direitos.”

A palestrante Márcia Adão abordou o impacto do racismo estrutural nas relações de trabalho, destacando que trabalhadores negros são frequentemente alvo de tratamento desigual: “O racismo não precisa ser explícito para existir. Ele está nas oportunidades que são negadas, nos estereótipos que recaem sobre os trabalhadores negros e no assédio velado que muitos sofrem diariamente. Precisamos falar sobre isso e combater essa realidade.”

Já a palestrante e diretora, Daniela Sousa, reforçou a necessidade de mudanças reais no ambiente de trabalho: “A empresa aceitou realizar esse treinamento após a audiência, mas o compromisso deve ir além. Criar um ambiente respeitoso é uma construção diária.”

Depoimentos reforçam urgência do tema

A palestra foi marcada por relatos emocionantes de funcionários que já enfrentaram situações de assédio moral e discriminação racial. Muitos destacaram o medo de denunciar e a dificuldade de lidar com cobranças abusivas.

“Durante meses fui tratado como se fosse invisível. Me davam tarefas impossíveis e depois me culpavam quando não conseguia cumprir. Eu não sabia que isso era assédio moral”, relatou um trabalhador.

“O pior é ouvir que se reclamar, pode ser substituído. Mas agora sabemos que temos respaldo para buscar ajuda”, disse outra funcionária.

O SIEMACO-SP garantiu que seguirá acompanhando os casos e cobrando medidas que garantam mais segurança e respeito aos trabalhadores.

“Nosso papel não termina aqui. Vamos continuar fiscalizando e cobrando que o ambiente de trabalho seja um espaço de dignidade para todos”, afirmou Maria Silva.

Mobilização segue com novas atividades

A programação do curso continua nesta quarta-feira (19), com mais turmas de trabalhadores participando da iniciativa. O sindicato reforça que seguirá atento às condições de trabalho e que denúncias continuarão sendo recebidas e encaminhadas.


“A informação é a maior ferramenta contra o assédio moral e o racismo. Trabalhador informado é trabalhador protegido”, concluiu Maria Silva.

texto: Fabiano Polayna (MTb 48458/SP) / fotos: Alexandre de Paulo (MTb 53112/SP)