Pioneirismo do Siemaco debate a importância da Sustentabilidade nas relações de trabalho e preservação da saúde e meio ambiente

 Pioneirismo do Siemaco debate a importância da Sustentabilidade nas relações de trabalho e preservação da saúde e meio ambiente

Mais uma vez, o Siemaco, em parceria com a Fenascon, provou que pratica o sindicalismo global e ocupa a vanguarda na formação de opinião. Na quinta-feira (13), durante o Seminário Internacional Cidade Sustentável e Saúde, líderes sindicais das Américas reuniram-se no auditório do sindicato.

O anfitrião, presidente do Siemaco e Fenascon, demonstrou que tem o sindicalismo moderno tem ocupado cada vez mais espaço na sociedade ao extrapolar a relação capital-trabalho. “Assumimos um compromisso mundial, com a UniGlobal Union, de integrar o movimento sindical nas Américas. Além disso, promover a sustentabilidade, que é um tema que interesse a todos”, afirmou Moacyr Pereira, que responde pela vice-presidência do Comitê de Serviços das Américas.

 “Somos uma categoria imprescindível em todo o mundo. Acredito que esse seminário ficará na história como um divisor de águas ao gerar parâmetros de similaridade sobre o que é sustentabilidade e o que deve ser feito”, destacou o presidente do Selur, Ariovaldo Caodaglio. “Moacyr está entre as pessoas que mais entendem de limpeza urbana. Um homem de diálogo, que acompanha a evolução ao longo do tempo”

O presidente da UGT, Ricardo Patah, afirmou que o auditório do Siemaco se transformou num palco de capacitação, ganhando “alma” ao promover debates de temas fundamentais, entre eles a sustentabilidade, que lembrou interessar a cem por cento dos trabalhadores. “Coincidentemente, hoje começamos um novo mundo no Brasil, que inicia novos caminhos e perspectivas.”

Representando as delegações do Chile, o presidente da Federação Nacional do Chile, Jaime Maurício, e o Sindicato dos Obreros de Maestranza, Diego Ariel, somaram à mesa de abertura dos trabalhos. Ambos enfatizaram a importância da troca de experiências e o papel fundamental que o Siemaco e a Fenascon têm ocupado ao apoiar os sindicalistas e trabalhadores dos países irmãos.

Também participaram dos trabalhos, o Diretor Geral da UniAmericas, Marvin Largaespada e  José Simões, do SEIU (Service Employees Internacional Union). Na platéia, mais de cem sindicalistas filiados à Fenascon vindos de todo o Brasil aqueceram as discussões.

A lei existe, mas é preciso entender e cumpri-la

Ao destrinchar a Política Nacional de Resíduos Sólidos e seus Principais Instrumentos, a advogada Simone Paschoal Nogueira, especialista no tema, confessou ser otimista em relação à legislação, normatizada em 2010, apesar dos atrasos na sua aplicação. “É uma boa norma, conquistada após quase 20 anos de debate, mas todos são responsáveis pela sua aplicação prática”, salientou.

Lembrando que o Brasil está construindo um “caminho ideal”, explicou que a produção e destinação dos resíduos sólidos não apenas está no dia a dia da atividade econômica, mas na mira mundial. Detalhou que graças à política reversa, hoje tanto os geradores (indústria/empresariado) quanto os consumidores são corresponsáveis pela destinação dos resíduos. O primeiro pelo gerenciamento e todos nós pelo acondicionamento ideal.  “Como legado, o Rio +20 nos deixou o desafio da responsabilidade encadeada e compartilhada.

As lacunas da legislação, no entanto, têm levado à prorrogação dos prazos de aplicação. Pontuando os principais desafios, disse que a  responsabilidade dos municípios em criar os seus próprios Planos de Resíduos, que viabilizará o recebimento dos recursos federais, é o ponto nevrálgico, pois delega aos prefeitos o cumprimento de boa parte das responsabilidades. A falta de conhecimento técnico por parte do judiciário também precisa ser revertido, pois uma das saídas para que a lei saia do papel está na penalização dos infratores através da responsabilização civil (multas, ações indenizatórias e de reparação).

Lembrando que embora as ideias ainda não sejam consenso, ressaltou que todos estão aprendendo um novo caminho. “Eu quero um Brasil melhor, com a visão de que o menos é melhor. O que requer a consciência coletiva e o envolvimento de toda a sociedade”,  finalizou.

É preciso conhecer o problema para dimensionar a solução

“Todos temos responsabilidade compartilhada para resolver o problema dos resíduos no Brasil”, afirmou o engenheiro Eleuses Bruder Di Creddo, ao palestrar sobre o Gerenciamento de Resíduos Públicos na América do Sul. Com a experiência na gerência do meio ambiente e destinação final da Solvi Engenharia Ltda, ele  enfatizou a importância do tema para todos os trabalhadores, do braçal ao intelectual.

Lamentou, contudo, que a ausência de dados oficiais e atualizados que demonstrem o tamanho do problema, na América Latina. “O gerenciamento de resíduos é um desafio enorme, assim como garantir serviços de qualidade às populações”. Sobretudo em decorrência do processo irreversível da urbanização.

Citando informações do BID, do ano de 2010, ele citou que os brasileiros geram em média 0,6kg de resíduos/ano, lembrando que o acúmulo está proporcionalmente relacionado à renda per capita. Brasil, Chile e Argentina, juntos, respondem por 83% dos resíduos gerados na América do Sul, sendo que apenas o Brasil produz 58% desse total.

A coleta domiciliar ainda é um desafio e a diferença na qualidade está proporcionalmente relacionada ao preço pago pelos serviços. No Brasil, a tonelada dos resíduos domiciliares custava 25 dólares em 2002 e agora 37. Já o quilômetro da varrição custava dez dólares em 2002 e atualmente 24.

Lembrou que a falta de cobertura de serviços de qualidade e em abrangência nacional gera a atividade dos catadores e da informalidade. A alternativa de fonte de renda, entretanto, acaba penalizando os trabalhadores e suas famílias, que convivem com a falta de proteção econômica e qualidade de vida.

 Apesar de a extinção dos lixões ser uma meta legal, ainda está longe de ser cumprida, assim como aumentar os índices formais de reciclagem. “Enquanto a Europa e os Estados Unidos reciclam 28 e 26%  dos resíduos sólidos, respectivamente, o Brasil, oficialmente, apenas dois por cento. Nossos índices são melhores em relação aos serviços de compostagem (58% do total contra 33 e 54 na Europa e EUA), mas são críticos os níveis da incineração e aterro sanitário.

“Para checarmos ao ideal precisamos investir em educação ambiental”, disse, lembrando ser preciso promover a regulamentação, a vontade política e a consciência da população. O que inclui o fortalecimento das prefeituras (técnica e institucionalmente), aprimoramento dos mecanismos de compilação de dados, fomentar a execução de bons planos de gestão, educação e treinamento, fazer valer a política reversa e, sobretudo, determinar metas que levem à aderência das normas.

Sustentabilidade requer atitude cidadã

As práticas individuais são fundamentais para garantir o futuro das gerações, afirmou o administrador de empresas, Lívio Giosa. Gerando reflexão ao falar sobre Sustentabilidade e Cidadania, ele ressaltou que a vida no planeta depende de todos os seres vivos.

Reconhecidamente líder nesse debate, Lívio afirmou que esse desafio é coletivo, dependendo do comprometimento individual e coletivo. “É preciso firmar um novo contrato social da sociedade com o planeta”, afirmou.

Municípios sustentáveis, consumo racional, economia verde, emissão de baixo carbono são alguns dos novos valores a serem aprendidos e praticados. Provocando, perguntou aos sindicalistas: como os sindicatos vão se adaptar aos novos valores da sociedade? Que mundo deixaremos para os nossos filhos e netos?

 “Sustentabilidade é um princípio de uma sociedade que mantém as características necessárias para um sistema social justo, ambiente equilibrado e economia próspera por um longo período de tempo”, definiu. Para ele, a governança desse “novo mundo” depende do equilíbrio entre fatores sociais, econômicos e ambientais. O desafio está lançado, pois os impactos das mudanças climáticas já são percebidos em todo o planeta.

Atibaia – um modelo que deu certo

Ao compartilhar a experiência na gestão como superintendente da SAAE (Companhia de Saneamento Ambiental de Atibaia), Fabiane Santiago traçou um Panorama Geral da Situação da Regulação dos Serviços de Saneamento no município paulista. Ao estabelecer um plano municipal de água, esgoto e resíduos, ela provou que é possível gerir recursos vitais com Políticas Públicas de Qualidade.

Foram estabeleceu 17 objetivos (pilares da sustentabilidade) e através do trabalho árduo e educação da população estabeleceu-se uma relação de confiança entre prestadores de serviços, trabalhadores. É o circulo virtuoso onde gestor público, prestador de serviços e munícipes convivem numa relação de ganhaxganha.

“É preciso planejar e regular”, enfatizou Fabiane. Em sua gestão, o município evoluiu dispõe de cem por cento de coleta domiciliar e seletiva. “Quem paga essa conta é a população”, garantiu, praticando a política financiada e máxima da sustentabilidade, que defende que paga quem produz. “É clara a correlação na qualidade dos serviços”, destacou.