Trabalhadores estrangeiros da categoria terão aulas de português no Siemaco

 Trabalhadores estrangeiros da categoria terão aulas de português no Siemaco

Na tarde de terça-feira, dia 27, o auditório do Siemaco recebeu um público muito especial: angolanos, congoleses e haitianos, auxiliares de limpeza da empresa Inova, matriculados no curso de Português para Estrangeiros da Central de Cursos do Siemaco. O presidente Moacyr Pereira abriu a aula inaugural, dando às boas-vindas aos 90 alunos inscritos e colocando o sindicato à disposição dos trabalhadores.

Enfatizando a troca cultural mais do que salutar e enriquecedora, a coordenadora da Central de Cursos, Roberta Butolo, afirmou que o sindicato irá aprender muito com a experiência. “Será uma oportunidade para todos”. O projeto, que nasceu de uma ideia, há um ano, conta com a parceria do CIEE – Centro de Integração Empresa-Escola.

“É uma grande satisfação representar nossos irmãos estrangeiros que têm uma história e vivenciaram uma trajetória ao sairem de seus países de origem até chegar ao Brasil, e ainda hoje travam uma luta diária pela sobrevivência”, destacou o diretor João Capana.  “Sabemos dos seus currículos elevados e estamos motivados para colaborar com o desenvolvimento pessoal e profissional de vocês.”

“São profissionais que merecem respeito e oportunidades, pois não tiveram escolha senão imigrar”, complementou o diretor Elmo Nicácio (Lagoa). “Tem gente que acha que os estrangeiros estão tirando os empregos dos brasileiros, mas não é isso. São profissionais que precisam e merecem o nosso apoio”.

Desafios

Complementando, a gerente de programas educacionais do CIEE, Zélia Teixeira Soares, salientou o respeito que sente pelos estrangeiros, que vivem desafios diários na cidade de São Paulo. Ela estava acompanhada pela coordenadora de projetos educacionais, Maria Betânia Melo Silveira.

O professor William, que cuidará do projeto “Português para Estrangeiros” explicou aos alunos os passos do curso. “O objetivo é que vocês possam ler e falar o português fluentemente”. Já foram formadas três turmas, somando 90 trabalhadores da categoria. A maioria da Limpeza Urbana.

Como é  prática na Central de Cursos, o ritmo das aulas acompanhará as necessidades individuais dos alunos. Dentre as metas estipuladas, garantir que todos prestar o exame do Enem e o Cep Bras (exame de proficiência na Língua Portuguesa).

Oportunidades

Quando bate as palmas das mãos, ao aplaudir, Samuel Luzoto Mampuya parece fazer música. Aos 48 anos, ele está no Brasil há cinco meses e já conseguiu uma oportunidade de emprego na Limpeza Urbana. Com ele vieram a esposa  e dois filhos, de cinco e um ano e meio. Outros dois, 15 e 17, ficaram com os avós, em Angola. Para ele, o protuguês não é tão difícil, mas ele quer se tornar fluente. “Gostei do curso”, afirmou.

“Estavam matando jovens nas ruas de meu país e eu tive de fugir”, contou Nelson Membo Mukana. Lembrando os horrores da guerra, onde ser jovem é uma ameaça, ele deixou a família (esposa e três filhos de 6, 4 e 2 anos), além de irmãos, pais e tudo o mais.

Há uma ano e meio tenta reconstruir a vida em São Paulo e trazer a família para perto dele. No início do ano, ao lado dos colegas brasileiros, conheceu o sindicato depois que foi abandonado pela empresa Higilimp, que fechou as portas durante o carnaval. Entrou com ação graças ao sindicato e aguarda o processo judicial para reaver os direitos perdidos.

Horas antes, um grupo de quatro mulheres haitianas recém chegadas ao Brasil preencheram fichas na Central de Vagas do Siemaco. Elas têm consciência que o principal obstáculo para uma vaga de emprego um país de fronteiras abertas e que recebe os estrangeiros, legalizando-os – é o idioma. O Siemaco quer romper mais essa barreira!