Portaria: função fundamental que acolhe os moradores, afasta os perigos e precisa ser valorizada

 Portaria: função fundamental que acolhe os moradores, afasta os perigos e precisa ser valorizada

Uma entre as categorias representadas pelo Siemaco, os porteiros realizam um trabalho estratégico, mas nem sempre são reconhecidos como deveriam. Visando a promoção da atividade, o sindicato convidou os gestores para somar às ações sindicais, num trabalho de mão dupla visando os profissionais.

O 1º Encontro de Interação Portaria aconteceu na tarde de 15 de dezembro, no Auditório do Siemaco. A proposta é aproximar a equipe sindical dos gestores e supervisores, visando ações concretas de promoção e valorização profissional. 

Representantes das empresas Alphagama, Atento, Belfort,Grupo GS e Resolve aceitaram o convite, iniciando um trabalho que promete! Com o slogan “Conhecer é o primeiro passo para o reconhecimento”, a diretora responsável pelo segmento, Karine Karen, saudou os visitantes, agradeceu á confiança e pediu parceria.

“Vamos realizar um trabalho em conjunto com os gestores e supervisores, que beneficie os trabalhadores e empregadores”. Explicou que a ideia é promover a troca de experiências e a reciclagem profissional. “Precisamos valorizar esta mão de obra tão importante numa cidade tão grande como São Paulo!”

Responsável pelos trabalhos da equipe sindical/portaria, José do Carmo, complementou: é uma experiência nova. “A relação ideal entre sindicato e empresas facilitará o nosso trabalho na base e os resultados de vocês”, enfatizou. Apresentou, na sequência, a equipe de assessores sindicais: Andre, Cauê, Leandro, Iranildo, responsáveis pela interface com os porteiros em seus postos de trabalho.

Curiosamente, antecedeu ao primeiro encontro um diálogo intenso e democrático, via mídias sociais. Um grupo formado no whatsapp já soma mais de 200 participantes, que diariamente trocam informações.

É preciso conhecer a história para saber das conquistas sindicais

O presidente do Siemaco, Moacyr Pereira, fez questão de se apresentar aos gestores e se colocar à disposição para o diálogo.  Lembrando que o sindicato representa dezenas de funções, salientou ser preciso organizar o segmento da portaria, tão importante. “A nossa intenção é socializar informações e decisões”, adiantou.

Ressaltou, depois, que a sociedade desconhece que as conquistas trabalhistas são resultado de um trabalho sindical intenso.  “Muita gente diz que não sabe para o que o sindicato serve, mas nós defendemos os direitos dos trabalhadores. É preciso conhecer a história, pois tudo foi conquistado pelo sindicato! 

O empresário José Bittencourt Gama, da Alpha Gama, aproveitou para fazer uma crítica construtiva ao sindicato. Posicionou-se frente ao presidente: nunca reclamei do sindicato, mas tenho algumas dúvidas, afirmou.

Após o debate, e ciente da proatividade de Moacyr para o diálogo, contatou: acredito que a função do sindicato é orientar para fazer Justiça. Agradeceu o convite e garantiu que continuará a participar das ações sindicais e também manterá as portas da sua empresa abertas para o sindicato.

Adriano Araújo, diretor da Resolv, questionou sobre as mudanças que devem advir com o crescimento da “portaria virtual”. Respondendo, Moacyr afirmou que a informatização vem gerando novas dinâmicas, em todos os segmentos, e que todos terão de se adaptar a elas. Garantiu, entretanto, que o sindicato está atento e que se posicionará quando a cada uma delas, orientando a categoria e empresas, pontualmente.

Ações trabalhistas

Toni Ketendjian, especialista em gestão de serviços, lembrou que metade das ações trabalhistas é fruto de problemas de relacionamento. Parceiro do sindicato, ele somará ao trabalho da equipe condomínios através de reciclagem e dinâmicas diversas que gerem ainda mais qualidade nos serviços e satisfação profissional.

Colegas do Grupo GS, Fernando Pereira e Daniel Farias são gerentes de projetos. “Gostei muito desse primeiro encontro. Falamos sobre a realidade e também da relevância do sindicato como entidade”, disse o primeiro.

“Podem contar com a gente”, garantiu Daniel. Ele elogiou o trabalho realizado pelos agentes sindicais e disse que há dez anos tornou-se sócio do Siemaco. “Comecei como porteiro há 14 anos e fui crescendo na profissão e empresa.”

“Fiquei surpreso com tantos pontos positivos”, afirmou o supervisor da Atento, Ivonilto Ribas. Aos 63 anos e apenas oito em portaria, ele teve uma ascensão rápida desde que começou como auxiliar de limpeza. “O sindicato não é inimigo, pois o seu papel é orientar”, disse taxativo.

Sócio do Siemaco, ele saiu do primeiro encontro ansioso pela continuidade dos trabalhos e garantiu que passará todas as informações à sua equipe. Para ele, proatividade é uma característica básica para um porteiro. É um exemplo disso, pois graças ao curso de primeiros socorros ele já salvou duas vidas, nos condomínios onde atuou.

Legado familiar

Há dois anos e três meses Célia Regina Souza, 46 anos, trabalha em portaria. Todos os passos da profissão foram ensinados pela irmã, Marlene, que faleceu há um ano.

Costureira de profissão, Célia convivia com as dificuldades de não ter registro em carteira quando surgiu uma vaga na portaria na Resolve Soluções. A irmã, funcionária de destaque, a indicou. Curiosamente, hoje em dia Célia tornou-se a funcionária exemplar e a tutora dos novos colaboradores.

“Tudo o que eu sei foi a minha irmã quem me ensinou. O meu compromisso, agora, é ensinar tudo o que eu sei para os meus colegas”, disse.

Curiosamente, o que mais encanta no seu trabalho em condomínios residenciais é o que mais assusta os profissionais: as crianças. “Eu adoro as crianças, pois elas alegram os meus dias. Tenho bons amigos no condomínio onde trabalho e os moradores são prioridade.”

Uma única vez ela foi desacatada por uma moradora, adolescente, que sem ter o cartão de acesso (identificação) teve de esperar poucos minutos até que o cadastro fosse checado e o portão aberto. “Eu chorei muito porque fui ofendida, mas foi tudo filmado pelas câmeras de segurança. Ela foi notificada e me pediu desculpa.”, contou.

Célia também gosta muito do regime 12 x 36 horas, que permite que ela continua trabalhando como costureira, nas folgas. Graças à dupla jornada, ela mantém os estudos da filha, de 22 anos, universitária do terceiro ano de Odontologia.

Única profissional de portaria a participar do 1º Encontro de Interação Portaria, ela disse que gostou muito de conhecer o sindicato, que apesar de ser sócia, ainda não havia visitado. “Nunca precisei”, disse, ressaltando que recebe a visita dos assessores em seu local de trabalho.