Líderes da UniGlobalUnion defendem conhecimento, parcerias, união e resistência para garantir o futuro do sindicalismo mun

 Líderes da UniGlobalUnion defendem conhecimento, parcerias, união e resistência para garantir o futuro do sindicalismo mun

As filiações de duas federações do Chile – Fenaserch e Fenasinaj – marcaram o segundo dia de trabalho dos representantes do Comitê Mundial de Serviços e Vigilância da UniGlobalUnion no Brasil, na sexta-feira (5). Antes disso, o compartilhamento de ações realizadas, com a apresentação dos resultados atingidos nos diferentes continentes e trabalhos em andamento, delinearam as estratégias a serem seguidas ao longo de 2017. O presidente do Comitê Tom Balanoff conduziu a atividade ao lado do diretor do setor de Serviços de Propriedade, Eddy Stam.

A situação dos aeroportos, que vivem uma onda de privatização e insegurança em vários países; a concentração do segmento de transportes de valores nas mãos de poucas empresas que dominam o mercado internacional; a alta rotatividade dos trabalhadores nos serviços de limpeza (asseio e conservação) e a questão migratória (imigrantes) foram listadas como questões importantes a serem equacionadas.

“A bola ainda está no ar”, afirmou Tom, alertando que há muito a fazer para minimizar as perdas para os trabalhadores dos segmentos em todo o mundo. Também que a Uni luta contra as privatizações que geram precarização. “Vamos reagir a elas”, alertou.

No Brasil, quatro grandes empresas dominam o negócio de transporte de valores, detendo 85% do mercado. Entre oito a 10 mil dentre os 50 mil empregados do setor correm o risco de demissão pelo rearranjo do mercado, com a esperada fusão de empresas. A privatização dos aeroportos também é presente no país.

Na Holanda, a principal questão a ser enfrentada é o turn-over. A ideia é estimular o trabalho em serviço integral para aumentar os salários ao criar um novo perfil profissional (multifuncional e autossustentável), para os trabalhadores do segmento da limpeza.

Estão avançadas no continente europeu as negociações da UniGlobalUnion com a empresa multinacional ISS, com participação do Conselho Europeu de Trabalhadores. Como a ISS é o maior provedor de serviços de limpeza na região, o objetivo é identificar um setor chave (muito provavelmente o setor financeiro) que direcione uma campanha transacional visando às relações trabalhistas ideais.

Na Índia e Austrália a situação dos imigrantes merece atenção. No Nepal e Indonésia os objetivos são construir acordos globais e a África é um mundo a ser redescoberto. A UnionGlobal Union tem dialogado com as multinacionais regionais e realizado ações exploratórias, sempre visando firmar acordos e aumentar a representatividade.

O fortalecimento da representação e relações sindicais é o desafio imediato na América Latina. A participação do presidente do Siemaco, Moacyr Pereira, que está finalizando um acordo com o Grupo Solvi, foi citado como promissor para beneficiar os trabalhadores na região. 

Justice Day

Há 27 anos o Justice Day é uma das principais atividades da UniGLobalUnon pela valorização dos trabalhadores. Foram mostrados os primeiros passos rumo à mobilização do dia 15 de junho de 2017.

Entre eles, as propostas de identidade visual. A partir deste ano, o escudo que representará o setor da vigilância/segurança deve somar à luva amarela (cor que pode ser modificada a critério dos países, de acordo com a identidade local). Além disso, foi analisada a inserção das palavras “respeito, justiça e decência”, a adesão de personalidades conhecidas ao redor do mundo e fotografias de trabalhadores nos materiais publicitários.

“As ações públicas são muito importante para o engajamento”, defenderam os participantes. Em 2016, apenas a rede social Facebook registrou 50 mil visitas semanais durante o período da campanha Justice Day.

Financiamento Internacional

Manter um trabalho de qualidade custa caro. Como todas as ações realizadas pela UniGlobalUnion são financiadas pelos sindicatos filiados, Eddy Stam alertou que é dever de todos pagar uma fatia mais justa.

Infelizmente, ele lamentou ainda ser comum algumas entidades filiadas declararem menos do que arrecadam de fato para diminuir os repasses financeiros. A soma dos recursos e esforços é vital para que os resultados esperados sejam atingidos.

Ênfase na proximidade com o trabalhador brasileiro

Um fato foi considerado relevante durante os dois dias da estada dos líderes sindicais à capital paulista: o contato com os trabalhadores brasileiros. Tom e Eddy enfatizaram a importância dessa aproximação, realizada através de atividades no Siemaco e no Centro de Formação de Vigilantes do CNTU. Segundo eles, um dos marcos da reunião anual, que garante “reconhecimento, proteção e valorização”.

Na segunda-feira, os sindicalistas visitarão uma unidade de tratamento de resíduos (Limpeza Urbana) e conhecerão os auxiliares de limpeza do ICESP (Instituto do Cãncer. Estão previstos, ainda, reuniões na UGT e no sindicato patronal, Selur.

Onda antissidincal global

Cientes do momento brasileiro, onde os sindicatos enfrentam uma política antissindical e os trabalhadores tentam resistir à diminuição dos direitos (reformas trabalhista e previdenciária), Valarie Long e Tom Balanoff analisaram: esta realidade também é global. A vice-presidente do SEIU (Services Employees Internation Union) afirmou que os sindicalistas têm de se unir a grupos progressistas na política, empresariado e sociedade.

“É preciso mobilizar e resistir para conter o reacionarismo”. disse. Garantiu que a realidade nos Estamos Unidos, onde fica o maior sindicato mundial, com 1,8 milhões de filiados, não é diferente da enfrentada pelos brasileiros ou europeus. Para ela, a mobilização e as parcerias são fundamentais para o fortalecimento do mundo sindical e, consequentemente, a classe trabalhadora.

Esta é a razão porquê o SEIU realiza parcerias com o Siemaco e financia projetos da UniGlobalUnion. Valarie salientou que a luta para manter os trabalhadores filiados em seu país é constante “Perdemos e ganhamos filiados o tempo todo”. Disse, ainda, que “amou o espírito e a cultura do sindicalismo e povo brasileiro”; Estou aprendendo muito aqui”, confessou.

Também visitando o Brasil pela primeira vez, Tom elogiou o trabalho realizado pelo Siemaco, em nome do presidente Moacyr Pereira. Enfatizou que apesar de serem diferentes lutas pelo mundo, a luta pela valorização do trabalho e trabalhador é uma só.

“Estou muito feliz com as perspectivas do trabalho a ser realizado na América Latina”. Quanto aos “ataques da política contra o trabalho” ele também citou a palavra de ordem: resistência.

Finalizando, Moacyr Pereira, a organização do segmento de limpeza, com representação sindical forte, é principal caminho. A organização e solidariedade entre as entidades sindicais, segundo ele, são fundamentais.