A história por trás do nome

 A história por trás do nome

Alguns deles passavam em frente ao casarão tombado pelo Patrimônio Histório, herança da família Ramos de Azevedo, e até admiravam as belas rosas do jardim que enfeita a Avenida Paulista. Outros sequer imaginavam um dia desfrutar de uma tarde num espaço cultural da cidade. Graças ao Siemaco, na sexta-feira (24), os varredores e auxiliares de serviços diversos da Inova fizeram arte e descobriram que a capital paulista oferece lazer de graça, com qualidade e oportunidades de aprendizado.

Os trabalhadores da Limpeza Urbana participaram da oficina Uma História Nossa Histórica, na Casa das Rosas, uma das três casas-museus mantidas pelo governo estadual. O Siemaco firmou parceria no Ocupação Cultural, lançado em maio, visando proporcionar cultura às categorias representadas.

Partilhando histórias a partir dos nomes

Foram muitas as surpresas: a beleza e pompa do lugar, as diferentes expressões artísticas, a paisagem privilegiada do centro finaneiro da cidade. Aos poucos, os 11 trabalhadores deixaram a timidez de lado e, conduzidos pelas arte-educadoras Amanda e Lucimara, contaram as suas histórias e “pintaram” uma tela coletiva.

Maria de Lurdes foi homenagem a uma santa venerada na região de Santa Bárbara; o sobrenome Medeiros descortina a origem portuguesa dos antepassados de Rogério; Trovão, que é sobrenome, revela um pouco da personalidade de Ivone e virou apelido; Valéria foi nomeada pela avó para combinar com a irmã mais velha, Vanessa.

A história de Ivanildo revela a importância do nome da gente! No registro de nascimento, legalmente o nome é feminino, Ivani, por um erro do cartorário. “Eu me acostumei e não quis mudar”, contou o varredor, relatando que sempre que ele mostra os documentos o nome gera uma surpresa. 

Cristiano tinha uma apelido carinhoso, Quisio, dado pela mãe; Paulo Daniel foi abençoado pela avó e mãe com o nome de dois profetas.  “A minha avó queria Daniel, minha mãe não gostou muito, mas como eu nasci no Hospital São Paulo ela concordou com o nome duplo”, contou. Clóvis foi homenageado com o nome do professor de matemática, conhecido de seu pai: era um homem inteligente e generoso! Altarir, Jurandir e Cleber também receberam os nomes prediletos do pai. 

Benone tem um nome peculiar. O pai queria batizá-lo de libertino, mas o padre não deixou. Ele conta que o avô, refugiado da guerra da Itália imigrou para o Brasil. O pai casou e teve dez filhos e numa homenagem à liberdade brasileira o avô quis homenagear o neto com a liberdade conqusitada. O padre disse que Libertino aqui tinha um outro significado, menos nobre, e sugeriu Benone. Mais tarde ele foi pesquisar o significado bíblico e descobriu ser “filho de mãe solteira”. Não deixava de ser, pois sua mãe, víúva, teve de criar a prole sozinha. “Sofremos muito, mas ela aguentou a barra de criar eu e os meus nove irmãos.”

Ozandir sabe que o seu nome causa certa estranheza, mas é taxativo. “O único Ozandir que eu conheço sou eu!, orgulha-se. Quando perguntam: que nome é esse? ele responde taxativo: é o nome que o meu pai me deu.

Casa Das Rosas

Para saber como a elite paulistana vivia nos tempos áures dos barões de café, vale a pena visitar a Casa das Rosas. Projetada pelo arquiteto Ramos de Azevedo nos final dos anos 1930, para morar com a sua família, o casarão foi ocupado por três gerações (pela filha Lúcia e depois pelo neto Ernesto), até ser tombada pelo Condephat em 1985.

São quatro andares de constução, incluindo porão e sótão, mas apenas o térreo e o sobrado estão abertos ao público. São mais  de 30 pontos construídos, que abriga o acervo (biblioteca) doado pelo escritor Haroldo de Campos. O jardim com rosas espetáculares é herança do jardineiro Toninho. Testemunha viva da história dos tempos dos casarões da Paulista,  hoje aposentado, com 90 anos.

Visite a Casa das Rosas. É grátis!

          Avenida Paulista, 37

      www.casadasrosas.org.br