Libras: a linguagem de quem não escuta

 Libras: a linguagem de quem não escuta

Eles podem não ouvir, mas têm muito o que dizer. Estima-se que apenas no Brasil vivem quase dez milhões de pessoas com deficiência auditiva mas, infelizmente, o domínio da Linguagem Brasileira de Sinais –Libras- é muito pequeno entre os “surdos” e a população em geral. O que restringe a sociabilização, o aprendizado e a entrada no mercado de trabalho.

Numa parceria entre o Centro de Integração Empresa Escola e a Central de Cursos, uma palestra para difundir a importância da linguagem de sinais reuniu educadores e sindicato ontem (13), no Auditório do Siemaco. Ministrada pelo deficiente auditivo Vinícius dos Santos Pereira, funcionário do CIEE, estudante universitário e educador voluntário, o tema “A importância da Libras de cada um.”, foi abordado com sabedoria e muito bom humor.

“Eu não me considero deficiente. Pelo contrário, eu sou muito útil!”, salientou o palestrante, afirmando que é preciso fazer a “junção entre os ouvintes e os surdos”. Ele desmistificou o fato de que libras é difícil, contando que aprendeu praticando ao conviver com colegas e amigos portadores de deficiência auditiva.

Vinícius ouve os sons, mas não entende as palavras, descobrindo os significados através da leitura labial. Para melhorar a acuidade, ele usa aparelho auditivo. Ressaltou que Libras não é universal, pois cada idioma tem a sua linguagem e códigos gestuais que contêm o contexto onde a população está inserida.

A legislação brasileira reconhece a Libras como uma “língua oficial” desde 2004. Em 2008, o ensino de Libras foi incluído na grade curricular dos cursos superiores, apesar de na prática o ensino ainda ser superficial. Está em tramitação uma legislação que prevê a obrigatoriedade do ensino de Libras na alfabetização.

Advertindo que a pessoa com deficiência auditiva vive em desvantagem numa sociedade que prioriza a oralidade, Vinícius adverte que a distância pela falta dos sons é aumentada pelo preconceito. “Nós somos como vocês, ouvintes, e a Libras abre as portas entre nós”, finalizou.