O importante papel dos recicladores na limpeza pública e no reaproveitamento dos resíduos sólidos

 O importante papel dos recicladores na limpeza pública e no reaproveitamento dos resíduos sólidos

Afonso Mateus, 62 anos, e Tiago, 12, trabalharam durante o carnaval recolhendo latinhas para reforçar o orçamento familiar. O pai fez questão de enfatizar que o filho é estudante da sétima série e estava com ele porque gosta, já que o adolescente é sócio e apenas sai às ruas para acompanhá-lo quando quer, pois “chora quando precisa faltar às aulas”.

Eles fizeram uma pequena viagem, do bairro de Piraporinha até Pinheiros, cientes de que a folia renderia o dinheiro necessário para comprar o desejado caderno de 12 matérias. O material, compactado, será transportado no ônibus vazio da madrugada.

“A reciclagem também ajuda a acabar com a poluição”, enfatizou Tiago, enquanto o pai reclamou do “roubo” que acontece nos ferros velhos:  um ímã diminui o peso do material. Fazendo as contas, ele diz que precisa de mais de 200 latinhas para formar um quilo, que rende R$ 2.

Ruas abaixo, vindo do outro lado da cidade, Jardim Elisa Maria, o catador Wagner Atílio de Abreu estava no meio da folia.  Ele esperava somar 80kg e não faltou força nem material para empurrar a carroça.

“Eu não sou ladrão, sou trabalhador e faço parte da sociedade. Com a reciclagem eu me sustento e ajudo os garis, pois limpo as ruas, também”, desabafou.

Durante o carnaval, foram instaladas 85 unidades de PEVs (Postos de Entrega Voluntária), a pedido da Amlurb – Autoridade Municipal de Limpeza Urbana. Só nas imediações da Passarela do Samba, no Anhembi, foi recolhida 1,2 toneladas de resíduos. No local, oficialmente, duas cooperativas foram responsáveis pela coleta (Tietê e Cooperleste), que juntas somam 35 cooperados.

Nas ruas de São Paulo, entretanto, dezenas de catadores fizeram a sua festa. Felizmente o carnaval foi farto, para esse anônimos da limpeza.