No Dia das Mães, amor de pai e mãe vale por dois

 No Dia das Mães, amor de pai e mãe vale por dois

Eles são jovens, mas a vida os amadureceu cedo. Ambos trabalham na Limpeza Urbana e têm muito em comum: começaram a trabalhar ainda crianças, tiveram muitas perdas pelo caminho, mas conquistaram muito com o suor de seus trabalhos. Principalmente o respeito dos filhos, chefes de família que são. Por isso, Siemaco os homenageia, representando toda a categoria, neste dia das mães.

Ivanildo José Cavalcanti tem 40 anos, 20 na Limpeza Urbana. Rita de Cássia Pereira de Oliveira, 28 e três e meio na categoria. Ele é pai de quatro meninas e cuida sozinho de três, desde que a esposa morreu, há cinco meses. Ela é responsável pelo sustento dos três filhos, desde que se separou do marido.

O que falta em recursos financeiros para ambos, sobra em amor. O que falta de tempo para desfrutar em família, sobra em sonhos a serem realizados.

Rita foi mãe aos 15, começou a trabalhar aos 17, como temporária numa fábrica de chocolate, fazendo ovos de Páscoa. Assim que completou 18 foi contratada como auxiliar de limpeza, onde trabalhou até que a empresa perdeu o contrato. Em seguida, conseguiu emprego como varredora e depois promovida a agente ambiental, porém devido ao horário de trabalho, que a impedia de ver os filhos, pediu para voltar para a varrição.

Ivanildo trabalha desde os 10 anos. No início ao lado do pai, como montador de móveis. Foi jardineiro, auxiliar de serviços diversos, varredor e coletor, mas quando a empresa perdeu o contrato com a prefeitura teve de começar tudo de novo, e voltou a atuar como auxiliar de serviços diversos.

Nenhum dos dois se importa por terem aberto mão das promoções, no passado, pois entendem que os filhos vêm em primeiro lugar. Rita lamenta, apenas, ter tido de trancar a matrícula na escola, onde tinha bolsa de estudos integral no curso de auxiliar de enfermagem. Sem tempo para conciliar trabalho, escola e família teve de trancar a matrícula, mas sabe que vai voltar aos livros, um dia.

Mãe de duas meninas de seis e nove anos e um menino de 12, ela perdeu a casa com a separação, morou em prédio de ocupação até conseguiu construir a casa onde mora, em Itaquaquecetuda, na grande São Paulo. Diariamente acorda às 3h15 min. para chegar as sete ao trabalho onde varre as ruas do bairro da Lapa até às 15h30. Com muita sorte está de volta para casa, e os filhos, antes da 19hs.

“Os meus filhos têm orgulho de mim, assim como eu tenho da minha mãe, também da categoria”, conta. Talvez o pior momento da sua vida tenha sido quando aconteceu à reintegração de posse e ela não tinha onde ficar, com as crianças ainda muito pequenas.

Dentre as lembranças felizes, o dia em que o primogênito vestiu o uniforme dela para homenageá-la na escola, no Dia das Profissões. Rita sabe que vai crescer na carreira. “Tenho muitos objetivos, só estou esperando a oportunidade certa”.

Ainda de luto, Ivanildo tenta vencer, dia-a- dia, a ausência da esposa que sucumbiu ao câncer, mas a doença da mãe parece ter multiplicado o amor das meninas por ele. A mais velha mora com a mãe (primeiro casamento), mas as enteadas, adolescentes, não quiseram ir morar com o pai consanguíneo e preferiram ficar ao lado do pai adotivo e da irmã caçula, de apenas cinco anos. “Sou pai, também, pois quando casei com a mãe delas as duas eram muito pequenas. Desde então são minha família”.

Rita e Ivanildo sabem que tem o futuro pela frente. O estímulo vem do presente que partilham com os filhos. Sem tempo para se queixarem, eles souberam transformar a dor em amor, e hoje colhem os frutos em família… Por isso, o Dia das Mães nesses dois lares será mais do que especial!