O espetáculo da varrição na Virada Cultural

 O espetáculo da varrição na Virada Cultural

IMG_6705.jpg Siemaco fotos da virada cultural 2015

Por onde se caminhava eles estavam lá, em duplas ou grupos, sempre atentos com suas vassouras e carrinhos. Impressionou também a quantidade de lixeiras e aparato da limpeza urbana, de bicicletas e motos aos caminhões de coleta, durante as 24 horas que durou a 11ª. Virada Cultural, no último final de semana (20 e 21).

Pouco se viu lixo nas ruas do centro de São Paulo, e não porque os resíduos sólidos não foram descartados aos montes, mas porque os varredores não descansaram. Quando havia muita aglomeração eles ficavam nas imediações, mas onde os palcos estavam livres, deu para aproveitar um pouco os shows.

Foi o que aconteceu na Praça da República, na manhã de domingo. Os varredores Degenani Teixeira e Antonio Mario de Lima aproveitaram o ritmo da catira e o som que remetia às festas juninas. Vindo do Ceará, seu Antonio disse que o trabalho durante a Virada Cultural estava mais calmo, se comparado aos anos anteriores.

Pilotando a moto, Adriano Ferreira já tinha feito vinte viagens carregando cerca de 40 sacos cheios de resíduos sólidos entre as seis e 10 horas da manhã de domingo. ‘É muito lixo!”, afirmou com a experiência de quem trabalha na Limpeza Urbana há  12 anos.

“O lixo continua o mesmo, mas melhorou muito o programa da varrição durante a Virada Cultural”, garantiu o encarregado André de Oliveira Braga, há dez anos no segmento. Acompanhado pelo auxiliar operacional Thiago David da Silva, também há uma década na categoria e do fiscal Rodrigo Eugênio, que atua há oito, ele explicou que as equipes saíram às ruas muito bem treinadas, principalmente para garantir a segurança e se prevenir de eventuais brigas ou confusões. “Quando há muita concentração de pessoas, a orientação é para eles esperarem os shows acabarem para depois varrer”, disse.

Na hora do almoço, os colegas Osmar Ferreira da Silva, 55 anos, e Carlos Rodrigues Pereira, 60, trataram de encontrar uma calçada tranquila, para descansar. Como não pode comer muito sal, para controlar a pressão arterial, Carlos trouxe a marmita e a espiriteira e esquentou a refeição em “estilo antigo”. Osmar ia comer em casa, mas fez companhia ao colega, que se tornou amigo.

Os dois contaram que estavam desempregados antes de entrarem para a Limpeza Urbana, há três anos e meio. Felizes da vida, disseram que a profissão de varredor é ótima e o trabalho muito mais “leve” do que as tarefas nas estradas, como frentista ou metalúrgico e os bicos que executavam antes.  

Em outro ponto também do centro cidade, na Rua da Consolação, os colegas Valdir e Marcos, dos Grandes Geradores, alheios ao movimento da Virada Cultural faziam a coleta numa casa noturna. Bem humorados, eles riram ao responder se nos pesados sacos pretos repletos de lixo da boate Love Story havia muitos preservativos…

Como no domingo se comemorou o Dia Internacional do Skate, a Praça Roosevelt ficou pequena e os milhares de skatistas lotaram as imediações e aproveitaram para fazer manobras radicais no “Minhocão”, fechado aos domingos para o tráfego de veículos. Os varredores, então, restringiram o trabalho durante o dia, apesar de estar a postos, na vizinhança, o trabalho pesado só aconteceu quando a Virada Paulista acabou no final da tarde.

As empresas Inova e Soma dividiram a tarefa da varrição e coleta durante a Virada Cultural, que este ano se estendeu para as regiões periferias da cidade. A Inova assumiu o desafio com o slogan “A arte de limpar as São Paulo”.