A resiliência e coragem do trabalhador que enfrentou a morte durante jornada de trabalho

 A resiliência e coragem do trabalhador que enfrentou a morte durante jornada de trabalho

O varredor Wilson Ribeiro, 37 anos, enfrentava mais um madrugada de trabalho quando o inevitável aconteceu. Acostumado a lavar as ruas e praças do centro histórico da capital paulista, em12 de junho ele se preparava para lavar a região do Largo do Paissandu. Cuidadoso, usava todos os Equipamentos de Proteção Individual e segurava a mangueira conectada ao carro Antares, pois sua tarefa seria direcionar o jato d’água aos colegas. Atônito, acordou quando seu uniforme estava sendo rasgado pela equipe de resgate que o imobilizava e monitorava os sinais vitais.

Momentos antes, um motorista bêbado conduzia um carro desgovernado que invadiu a praça, bateu contra as costas de Wilson, arremessando-o a dez metros de distância. Dado como morto pelos colegas, que o viram parar de respirar e a barriga inchar, jurando terem ouvido o ruído da morte, ele sobreviveu com o pescoço (sexta vértebra) e a perna direita quebradas. Sobreviveu por um milagre, acredita, pois ouviu os médicos dizerem: nunca vi alguém quebrar o pescoço e continuar vivo.

A coragem do trabalhador se mostrou na sequência. Foi internado na UTI da Santa Casa, transferido a pedido da empresa Inova para o Hospital Alvorada, operado em dez dias e saiu caminhando para casa depois de 15, em 26 de junho. Após cinco meses e sete dias voltou ao trabalho, pois convenceu os médicos que estava apto.

“Não consigo ficar em casa, sem fazer nada, pois o trabalho também é um divertimento”, argumentou. Apesar de não se lembrar de detalhes do acidente, sabe que Deus o protegeu. “Por sorte passei pelo vão entre duas árvores, senão teria morrido na hora.”

Garantindo que não ficou com sequelas, avisa: eu sou cuidadoso quando estou trabalhando nas ruas, mas os acidentes acontecem. A sua fé em Deus, motivada pelo amor da esposa e do filho de seis anos, aumentou.

Paizão

Diariamente, Wilson sai de casa às 19h40, chega na garagem Mooca (Inova), por volta das 21h40, trabalha até às cinco e meia e chega em casa mais de uma hora depois. Dorme pouco, pois às 11h30 faz questão de ir buscar o filho na escola. À tarde cuida de Bruno, pois quer para ele “um futuro melhor”.

Migrante da zona rural da Alagoas, onde o pai de 73 anos ainda capina no sítio localizado em União dos Palmares, seguiu o caminho aberto pelo irmão. Conseguiu emprego na Limpeza Urbana em 2004 e mandou buscar a esposa, eterna namorada Joselva. “Em São Paulo é melhor, pois na roça o trabalho embaixo do sol é muito pesado”, contou

A coragem, determinação, força de vontade e superação de Wilson é um exemplo. Ele surpreendeu os colegas quando voltou à rotina, pois havia um boato que ele não poderia mais andar. “Não tenho medo, apenas não estou carregando peso, como o galão de 20 quilos de produto, a conselho médico”.

Conta que não sentiu dor e não se lembra do acidente, mas sim do cuidado dos médicos e do receio que os enfermeiros tinham ao tocar no seu corpo.“Eu surpreendi a todos, pois nunca quis dar moleza para o meu corpo, argumentando que se não fosse Deus “não estaria aqui para cont. essa história.”

Parabéns, Wilson, o seu relato é comovente e sua história inspiradora. Você um exemplo para todos nós, da categoria!